domingo, 8 de maio de 2011

Uma excelente forma de educar os leitores

Não se deixem enganar, não vou voltar ao ritmo "estonteante" de posts de outrora, é um mero espelhismo, não tenho tanto tempo livre como nos tempos de estudante, mas achei que este post deveria ver a luz do dia e do mediatismo bloguista, por assim dizer.

Na minha incursão cibernética de hoje passei pelo habitual The New York Times e pus-me a ler uma crónica bastante interessante sobre Java, Indonésia, intitulada Lost in Java quando sem querer fiz duplo clique sobre uma palavra e surgiu um pontinho de interrogação:


Cliquei e surgiu o seguinte:


... e achei simplesmente fantástico! Se calhar já muito de vocês tinham reparado, mas para mim foi uma descoberta.

Critico abertamente o facilitismo da comunicação social que não se preocupa (minimamente) em "cultivar" o leitor. A escolha simplista das palavras usadas para atingir as grandes massas deixa-nos comodamente na nossa zona de conforto linguística, onde não atamos nem desatamos, estamos ali... rondamos a actualidade sem muitos entraves e acomodamo-nos a esse estado de letargia semântica. Pois eu acho mal! Daí o meu espanto perante esta estratégia usada no NY Times, é brilhante! Usemos palavras complicadas, fazem parte do nosso espólio linguístico!

Acho que parte do trabalho de um jornalista é precisamente "educar" as massas, especialmente na era da tecnologia, em que a informação "navega" à velocidade das ligações de dados. Sendo que na sua maior parte são pessoas extremamente cultas e informadas, porque não usar isso em benefício da sociedade? Eu agradeceria, certamente! Ainda que tal me obrigasse a, volta e meia, fazer duplo clique nalguma palavra.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

domingo, 4 de julho de 2010

É 1h13 da manhã

É 1h13 da manhã e acabei de ver um episódio de Anatomia de Grey. Estou cansada, o meu carro veio de arranjar a porta do passageiro porque me assaltaram o carro na 2ª feira e hoje, ao vir para casa, um homenzinho decidiu fazer marcha-atrás e dar um beijinho no meu carro, tenho imenso trabalho para fazer e não consigo dormir porque tive a brilhante ideia de tomar café quando já não estou habituada a cafeína durante a noite. Não sei porquê, mas pensei que já fosse super tarde e achei estranho ouvir alguém tossir lá fora. É a minha mãe. Uma força da natureza. A personificação de quase tudo de bom.
Mais uma vez apercebi-me do quão maravilhosa é, apesar de há já muito tempo eu não comer "as surpresas de sábado à noite" dela, culpa minha, não dela.
Nunca fui muito de família, nunca fui menina que andasse debaixo da saia da mamã, porque a mamã não tinha tempo nem vida para isso. Não a culpo, tenho pena de ter sido assim, mas acho que no fundo ela deve ter orgulho em mim, apesar de não o dizer. Com o passar do tempo fui aprendendo a dar mais valor à minha família. Não é que não desse, e também não é que não consiga estar um dia longe ou sem falar com eles, mas é diferente, sinto diferente. Aprendi que... independentemente de tudo o resto, tristezas ou alegrias, amizades e "desamizades", namoros e "desnamoros", o meu irmão, a minha mãe e o meu pai vão ser sempre isso mesmo: o meu irmão, a minha mãe e o meu pai. Somos indissociáveis! Há qualquer coisa muito mais forte que nos une. Sempre me perguntei como reagiria se sentisse que alguém que amo estivesse em perigo. Já tive provas de que viro fera. Mesmo quando à minha frente estão pessoas com o dobro do meu tamanho e força. Mas não se mede a razão, não se mede a força, não se mede o tamanho, porque a pessoa que amamos é tão superior a tudo isso...
Não sei, apeteceu-me, agora é 1h30 e se calhar devia tentar dormir porque acordo cedo para trabalhar.
Boa noite!

sábado, 1 de maio de 2010

Human brain...

"The human brain consists of about one billion neurons. Each neuron forms about 1,000 connections to other neurons, amounting to more than a trillion connections. If each neuron could only help store a single memory, running out of space would be a problem. You might have only a few gigabytes of storage space, similar to the space in an iPod or a USB flash drive. Yet neurons combine so that each one helps with many memories at a time, exponentially increasing the brain’s memory storage capacity to something closer to around 2.5 petabytes (or a million gigabytes). For comparison, if your brain worked like a digital video recorder in a television, 2.5 petabytes would be enough to hold three million hours of TV shows. You would have to leave the TV running continuously for more than 300 years to use up all that storage."

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Avatar

Em duas palavras: Bri lhante! Adorei a história, a imagética, o som, a língua criada por "encomenda", o mundo fantástico, em suma, TUDO!
James Cameron criou um universo no qual eu própria gostaria de viver. Confesso que me custava voltar à realidade a cada vez que o avatar ia dormir e Jack voltava ao mundo terreno, sem graça, sem cor, sem paixão pelas coisas boas e simples e cheio de ganância e sede de guerra.
Se fizer as contas pelos dedos foi dos melhores filmes que já vi, pelo menos dos mais completos. Normalmente gostamos mais de uma coisa em detrimento de outra, no entanto neste filme todos os aspectos jogaram em casa e o resultado foi absolutamente fantástico.
A quem não viu, aconselho!





"I see you"


Filipa Gonçalves

sábado, 5 de dezembro de 2009

Granada ya no es lo que era...


É triste, mas Granada perdeu encanto graças aos órgãos máximos de poder da própria cidade.
Recentemente foi aprovada uma Ordenanza que servirá para "regular" a vida em sociedade, esta lei, não sei se será o termo correcto a aplicar, não só dita como se deve agir em sociedade como também aplica coimas a quem violar a mesma.

Em traços muito gerais, e para verem a que ponto chega esta estupidez, passo a explicar algumas das alíneas contidas no documento:

- A manifestação de arte espontânea está PROIBIDA na rua! - para quem já visitou Granada sabe que o espírito da cidade está na música que se ouve na rua, nos ciganos a tocarem guitarra e a cantarem no Mirador de San Nicolás, nos malabaristas que estão em frente à catedral, nas ciganas que praticamente nos tiram as mãos dos bolsos para nos lerem a sina, na cultura que flui naturalmente na cidade... A mesma lei se aplica se quisermos pegar numa guitarra, entre amigos, e tocar qualquer coisa na rua.

- É PROIBIDO pedir esmola ou dormir na rua! - Não creio que quem durma na rua o faça de livre e espontânea vontade, especialmente tendo em conta as temperaturas estremas que atinge Granada, quer no Verão, quer no Inverno...

- É PROIBIDO comer e beber na rua! - Independentemente do que seja, poderão ser multados caso sejam vistos pelas autoridades locais.

- É PROIBIDO distribuir panfletos ou afixar cartazes! - Lá se vai um meio bastante eficaz de publicitar qualquer evento cultural, ou não.

- É PROIBIDO andar embriagado na rua! - Boa sorte com esta! :P

- É PROIBIDO qualquer trabalho ou actividade monetária na via pública! - Inclusive o anúncio de quartos para alugar que tanto jeito me deram quando fiz Erasmus ou quando alguém quer vender uma ninhada de gatinhos.

- É PROIBIDO jogar à bola ou correr na rua fora do estipulado pelo documento! - eles regulam como e quando as crianças podem fazê-lo.

Em suma, para quem passou por toda uma ditadura para ver as suas liberdades asseguradas isto parece-me um GRANDE passo atrás! E se o objectivo é "tapar os olhos" aos turistas para que só vejam o bonito de Granada e aumentar o turismo, eu, enquanto turista, vou pensar se volto a uma cidade que perdeu o espírito e a sua personalidade graças a um governo repressor.

Se estiverem interessados no tema fica o link (em espanhol) com mais informação e a Ordenanza: http://www.eldelitodelarte.org/index.php?id=73

Filipa Gonçalves

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

RENDO-ME


Não sei que diga...
Já desisti de negar as parecenças entre mim e a Luciana Abreu!
Tudo começou na imposição de insígnias da minha (super) madrinha académica, em 2006, em que a tia dela me disse: "aaaaaai que esta menina é tão parecida à Floribela!", mal eu sabia quem era a dita "Floribela" ou o que ela fazia, e a partir daí foi tipo pipocas, saltaram comparações de todos os lados: no volei chamam-me a "Luciana do voleibol", o Tiques fez uma montagem com a minha cara no corpo da Floribela (pré-operação :P), na formação um dos formadores desafiou-me a adivinhar com que famosa eu me parecia (óbvio!), no Fantaticable consegui ouvir o fotógrafo dizer "é esta a rapariga que te tinha dito que parece a Luciana Abreu", e o cúmulo dos cúmulos foi a minha própria mãe confundir-me com uma fotografia que os meus amigos tão gentilmente recortaram da capa de uma revista e na qual as semelhanças eram MUITO notórias. De qualquer das formas o João deu-se ao trabalho de, mais uma vez, constatar o já evidente (mas agora de forma completamente irrevogável!), seguem as fotos:





Filipa Gonçalves

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"Desacordo Ortográfico"


O projecto do "Desacordo Ortográfico" não pretende opor-se ao Acordo Ortográfico, mas deseja provocar e valorizar as diferenças na língua portuguesa, diz o autor da antologia.

Lusa
14:00 Quinta-feira, 12 de Nov de 2009

Uma provocação ao Acordo Ortográfico, é assim que considera o escritor gaúcho Reginaldo Pujol Filho a obra "Desacordo Ortográfico", antologia que acaba de organizar, publicada pela Não Editora, que será lançada dia 13, sexta-feira, em Porto Alegre.

"A ideia do Acordo ortográfico de unificação não vai a favor da literatura", afirma à Lusa o organizador do livro que reúne autores como os brasileiros Altair Martins, Luís Fernando Veríssimo, Manoel de Barros, Marcelino Freire, os portugueses Gonçalo M. Tavares, Patrícia Reis, João Pedro Mésseder, Luís Filipe Cristóvão, Patrícia Portela, os angolanos Ondjaki, Luandino Vieira, Pepetela, os moçambicanos Nelson Saúte, Rogério Manjate e a são tomense Olinda Beja.

"É uma exaltação da diferença", caracteriza Reginaldo Pujol Filho. O projecto do desacordo não pretende opor-se ao Acordo Ortográfico, mas deseja provocar e valorizar as diferenças na língua portuguesa.

"Essa ideologia que rege esse tipo de Acordo vai contra os escritores que querem romper, transgredir, que querem trazer uma nova forma, um novo jeito de escrever", afirma Pujol Filho. Na verdade, o que se quer é fazer uma homenagem à língua-mãe.

"A diferença é mais legal do que ser igual"

Segundo o organizador da antologia, as discussões económicas têm o pensamento de unificação "de que as coisas melhores são as iguais". Contudo, refere, "a literatura fica num campo à parte, no campo do estranho, da tentativa".

Pujol Filho comenta sobre a plasticidade da língua portuguesa e como ela propicia a formação de neologismos "como fazem o Luandino Vieira e o Ondjaki". "Não vamos brigar e não vamos mudar o Acordo Ortográfico. Acreditamos que a diferença é mais legal do que ser igual". Para ele, o sentido de "aceitar as diferenças" insere-se num projecto ambicioso de reunir pessoas talentosas que ainda não foram publicadas no Brasil.

"Tem gente chata que quer tirar o prazer de ler o 'contacto' com 'c' do Tavares, vamos ter que ler contato. O mais legal é ler os textos com a diferença", enfatiza ao referir que o critério para a selecção dos trabalhos para o livro era de que os autores estivessem vivos. Mas também seguiu critérios subjectivos, "autores que me cativam pela linguagem, que me estranham com sensibilidade e a subtileza, com jeito próprio de trabalhar a linguagem".

Ano e meio de organização

O livro, que levou um ano e meio para ser organizado, reúne contos e poemas e está a ser lançado primeiro em Porto Alegre, mas ainda poderá ser divulgado noutras capitais brasileiras.

O projecto do "Desacordo Ortográfico", idealizado em 2007 por Pujol Filho, tem ainda o sonho de alcançar "o outro lado" e extrapolar os limites nacionais do Brasil rumo a outros países lusófonos.

"Desacordos-desencontros são vias necessárias para chegar aos acordos-encontros que todos procuramos", destaca Pepetela num comentário escrito sobre o "Desacordo Ortográfico".



Confesso que desconhecia a posição dos brasileiros relativamente a este tema, mas muito me alegra que também sintam o acordo como uma perda!


Filipa Gonçalves

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mais vale um abraço que mil palavras


Por vezes, num turbilhão de sentimentos, vamos encontrar o nosso equilíbrio num simples abraço.
Não sei explicar, mas aposto que mais alguém neste mundo sente o mesmo que eu relativamente ao tema. Por exemplo, não dou abraços fortuitos, sinto-me incómoda quando alguém que não conheço bem me abraça e nem sempre correspondo, sinto que por vezes, à beira de um ataque de "qualquer coisinha ruim" um verdadeiro abraço me faz voltar à vida e nem preciso falar mais do tema e acima de tudo não abraço qualquer pessoa. A última pessoa a quem dei um abraço é uma das mais importantes da minha vida e serviu para enterrar um machado que nunca se ergue muito entre nós, mas que teve importância suficiente para fazer com que aquele abraço o pudesse, finalmente, enterrar. Não foram precisas palavras, o que havia para ser dito já tinha sido escrito, bastou aquele abraço. Senti que foi um abraço-desculpa, um abraço-estás-desculpada, um abraço-não-voltes-a-fazer-isso, um abraço-senti-a-tua-falta, um abraço-adoro-te, um abraço-só-me-apetece-dar-nos-um-estalo-por-termos-reagido-assim, enfim, um abraço que significou tudo o que não conseguimos dizer na sua plenitude por palavras. E a partir daí tudo voltou ao normal, as conversas como se o tempo não tivesse passado, as brincadeiras, o mundo a girar no mesmo sentido de sempre, o do costume e o que tão bem me sabe!
Sei que tenho as minhas "pancas", todos temos, mas considero que um abraço nunca é só um abraço, leva sempre um pouco de nós e do nosso estado de espirito à outra pessoa e não "me" partilho nem ao meu estado de espirito com qualquer um.

Filipa Gonçalves




Foto: http://compassioninpolitics.files.wordpress.com/2007/09/free-hugs406623767_850e9146c3.jpg

sábado, 19 de setembro de 2009

Next Level


Depois de um ano a "tapar buracos" como tradutora freelance chegou a hora de fazer mais um upgrade no meu CV. Este ano mudo de ares e a minha tão adorada cidade adoptiva, Bracara Augusta, vai deixar de me acolher e vou de malas aviadas para a cidade Invicta.
A próxima meta é o Mestrado em Tradução e Serviços Linguísticos (MTSL), vertente Tradução Especializada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Confesso que a ideia de deixar Braga, a UM e todos os que me acompanharam e se tornaram parte de mim não é de todo algo que se faça de ânimo leve, no entanto, "a girl's got to do what a girl's got to do!".
Li recentemente (até porque aconteceu recentemente), que o MTSL integrou a rede europeia de mestrados em tradução, o que se revelou uma escolha acertada de mestrado da minha parte. Podem ler a notícia publicada no Público:

Formação de tradutores vai ter "selo de qualidade"
Universidade do Porto integra rede europeia de mestrados de tradução
15.09.2009 - 16h06
A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) integra a Rede de Mestrados Europeus de Tradução (MET), hoje apresentada em Bruxelas e lançada para criar um "selo de qualidade" na formação de tradutores.
O Mestrado em Tradução e Serviços Linguísticos da FLUP foi um dos 34 programas seleccionados - entre 93 candidatos - para integrar a rede.

Segundo uma nota de imprensa da Comissão Europeia, o MET "deverá tornar-se um selo de qualidade para a formação dos tradutores oferecido pelas instituições de ensino superior".

Os objectivos de Bruxelas incluem a promoção e o intercâmbio de boas práticas entre as universidades participantes, melhorar a qualidade do ensino e criar um verdadeiro mercado europeu para os tradutores qualificados.

A participação inicial tem uma duração de quatro anos, podendo os programas seleccionados utilizar durante esse período o selo de Membro da Rede MET.
in http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1400767&idCanal=58
Eu vou dando notícias ;)
Filipa Gonçalves

domingo, 13 de setembro de 2009

Bolonha no País das Maravilhas

É certo e sabido que a educação percorre caminhos tortuosos e que Bolonha não vem, em caso algum, animar o cenário desolador dos recém-licenciados que saem para o mercado de trabalho sem preparação suficiente para trabalhar na sua "área de especialização ". Bolonha vem, quanto muito, uniformizar o ensino que antes nos dava mais escolhas. Também tenho a perfeita noção que aos olhos do mercado uma licenciatura em LEA ou LLM ou Tradução era bem capaz de ser a mesma coisa, visto que ainda vejo frequentemente anúncios dignos do "Portugal no seu melhor":

Admite-se tradutor/a
escolaridade mínima 12ºano
com conhecimentos de:
Inglês - muito bom;
Francês - muito bom;
Alemão - muito bom;
e Espanhol - muito bom.
Remuneração 500€

É óbvio que pelo menos 5 em cada 10 estudantes do 12º ano saem com essa formação, imagine-se um recém-licenciado! Se eu tivesse essa formação, 500€ era precisamente o que eu quereria receber, como adivinharam? Aquele número redondinho e que possivelmente não me dará nem para pagar as propinas de mestrado mais as contas de casa... Por favor!!! Um pouco de decência era bem-vinda à equação.
Mas retornemos a Bolonha. Este post vem na sequência de uma notícia que li em http://clix.expresso.pt/processo-de-bolonha-formacao-diversificada-cria-mais-oportunidades-de-emprego-vice-reitora-up=f535419 relativamente ao facto de Bolonha criar mais oportunidades de trabalho e de os estudantes saírem mais cedo para o mercado de trabalho. Ora bem, neste caso específico eu diria o que a minha avó muito sabiamente dizia, e peço desde já desculpa a quem puder ofender, "se não vem Deus que nos acode, vem o diabo que nos fode".

"A vice-reitora da UP diz que "a possibilidade de obter uma graduação mais cedo, que permite aos estudantes sair para o mercado de trabalho com uma qualificação superior à que tinham anteriormente" é uma das principais mudanças com Bolonha."

Desculpe Exmª. Sra. vice-reitora, como? Quando? Onde? Estamos claramente a comparar licenciaturas com menos um ou dois anos de formação, sem estágio num mercado de trabalho que acima de tudo nos pede experiência, e a dizer que prepara os estudantes com uma qualificação superior? Muito bem, assim seja...


Filipa Gonçalves
LEA (Plano Antigo)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Areia...

Tudo tem o seu ensejo, a vida, a saúde, a felicidade, a juventude, até o sexo! Por isso acho que tudo se resume a areia. Cada um de nós é uma ampulheta em constante esvaziamento, uns tem-na maior, outros menor, mas no fundo não importa a ampulheta que se tem, mas o que se faz com a areia que contém.

Dentro dessa ampulheta existem várias outras, assim como na vida existem actividades paralelas, e por vezes, no meio de tanta gente, a única coisa que se tem em comum com a outra pessoa no outro lado do passeio é esse esvaziamento progressivo mas invariável e compassado da areia.

Uns trocam essa areia por conhecimento, outros trocam-na por talento, outros trocam-na por puro prazer, outros pela simples inércia, outros por companhia, outros por maldade, outros por poder, mas todos damos um pouco da nossa areia em troca de cada coisa, sejamos ricos, feios, altos, bravos ou ignóbeis!

Todos temos direito a uma ampulheta, seja ela maior ou menor, com mais ou menos areia, não importa a quantidade de areia que temos, importa o que fazemos com ela.

Filipactg

sábado, 9 de maio de 2009

(des)Enterro

Hoje decidi tirar o pó às tradições e envergar, na que será uma das últimas vezes, o traje da mui nobre Academia Minhota! Dei por mim trajada a sair de casa com a Sofia a dizer "Ai Coleguinha, até custa ver-te assim trajada", e custava. Este traje já viu e viveu muita coisa e se falasse tinha muito que contar. Ai saudade...

Já no Largo do Paço, onde tem lugar a serenata, os olhos cravavam-se no meu tricórnio, inusualmente sob a alçada da minha mão e não na cabeça, como seria de esperar, as minhas fitas, de um azul escuro e 5cm de largura, também recolhidas, sim! já acabei o curso! Ai saudade...

Caloiros a trajar por primeira vez e excitadíssimos porque o padrinho ou madrinha lhes iria traçar a capa também por primeira vez, as beldades do costume com carradas de maquilhagem e cabelinhos aprumados, os curiosos de máquina fotográfica em punho para registar o momento Kodak "para mais tarde recordar", o abanar de tricórnios em sinal de aplauso, enfim, o motor que impulsiona as tradições académicas de uma Universidade. Ai saudade...

As minhas afilhadas, que adoro, já com as/os suas/seus afilhadas/os, e a Célia, que mesmo já doutora esperou que lhe traçasse a capa para ir traçar a da afilhada (significou muito afilhada, obrigada!), as recordações e os flashbacks ao traçar a capa, foi como uma viagem no tempo!, são coisas que contadas parecem estupidas, mas que quem passa por elas lhes dá a devida importância! Ai saudade...

Mas como se diz em "bom" português: Já "fostes"! Pois fui...

A ex-Caloira, Novilha, Noviça, Doutora (freira), Abadessa,

FG

(foto vem depois :P)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Até as mais belas flores murcham e perecem




Não nasceste estrelícia, filha de flor importante, na verdade nem sequer conheceste o teu pai, ou eu ache que fizesse falta. Nasceste rosa brava, sem cuidados nem mimos, foste açoitada pelos ventos, sem dó nem piedade e nos teus picos levas toda a experiência de uma vida. Foste bela. Quiçá a mais bela! Mas ainda assim foste uma brava rosa brava, lutaste contra ventos e pestes, contra as más-línguas do sítio onde brotaste, e por fim, já sem muito fôlego, murchaste e acabaste por perecer, mesmo contra a vontade de quem te queria ver inundar o mundo com a tua beleza...
Adoro-te avó, sempre te adorei!

22/12/2008

Fotografia de Mariana Silva

domingo, 21 de setembro de 2008

"O Museu Colecção Berardo apresenta de 1 de Setembro a 2 de Novembro, "Desenhos de Escritores" — uma exposição em colaboração com o IMEC – Institut Memoires de l'Édition Contemporaine, e o Musée d'Ixelles, que reúne obras pictóricas dos maiores escritores mundiais.
As fronteiras entre a escritura e a pintura, o texto e o desenho são uma problemática recorrente. Ao contrário do que acontece entre a separação das artes e das técnicas, os poetas, escritores, pintores e artistas plásticos trabalham num território ainda não cartografado.
Nunca, até agora, se havia reunido numa única exposição uma tal diversidade de escritores que também desenham — de George Sand a Bernard Heidsieck, do romantismo à poesia sonora, passando pelos surrealistas e até à beat generation.
Uma coisa fica clara, em “Desenhos de Escritores” — um grande número daqueles que são unanimemente considerados os maiores nomes da escrita do mundo, praticaram a arte do desenho, do guache, da gravura, das colagens.
Para a elaboração desta exposição, o Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine procurou no seu arquivo de manuscritos aqueles em que os desenhos dos escritores aparecem, por acaso, por entre o texto.
O Museu Colecção Berardo complementa a exposição “Desenhos de Escritores” com o testemunho dos escritores-desenhadores portugueses Almada Negreiros, Mário Cesariny e Ana Hatherly.
Ao contrário do que acontece entre a separação das artes e das técnicas, os poetas, escritores, pintores e artistas plásticos trabalham num território ainda não cartografado. Essa “parte alguma”, pouco trabalhada pela historiografia tradicional, é o local da transversalidade entre linguagens e formas e a sua inclusão dentro de uma única pulsão inventiva, sem hierarquia, sem compartimentações, ou limites.
Inúmeros pintores, ao longo da história, deixaram um testemunho que não é apenas composto de telas e pinturas — deixaram também uma obra escrita. Miguel Ângelo, Van Gogh, Gauguin, Kandinsky, Mondrian, Malevitch, Rothko, Beuys, Jorn são apenas alguns dos exemplos que podem ser enumerados.
Porque razão não desenham, então, os escritores?
Conhecemos os desenhos de Goethe e Victor Hugo, mas de Barthes, de Althuser, Malraux ou Hervé Guibert? Provavelmente, eles terão desenhado sem outro propósito que não por prazer ou mera distracção. O desenho poderá até nem ocupar mais do que um rodapé de um manuscrito — como no caso de Stendhal. Mas casos há em que ocupa páginas inteiras.
Salpicando tinta para várias folhas de papel, criando imagens fantasmagóricas, terá Victor Hugo criado a pintura gestual um século antes de Pollock? E o que dizer de Baudelaire, caricaturista fenomenal: seria ele um desenhador de BD muito à frente do seu tempo?
Victor Hugo, Charles Baudelaire, Charles Cros, Guillaume Apollinaire, Paul Valéry, Max Jacob, Antonin Artaud, Jean Follain, Jacques Audiberti, Henri Michaux, William Burroughs, Roland Barthes, Michel Butor, Jean Tardieu, Christian Dotremont, e tantos outros escritores, são ilustrados ou ilustram-se a si próprios dentro desta “zona franca”, afastada de ideologias, fronteiras territoriais, e sem qualquer outro fim senão o da mistura criativa.
Esta exposição mostra, pela primeira vez, esta mutação, através de inúmeras peças de arquivos provenientes da Colecção do IMEC e também de importantes colecções privadas: de um auto-retrato de Baudelaire a um auto-retrato de Artaud, de um desenho erótico de Jouve a uma fotografia de Fleischer, do mau gosto de Max Jacob a uma vista campestre de George Sand.
A grande diversidade de autores, das técnicas utilizadas — desenhos, telas, colagens, obras gráficas e plásticas —, dos estilos e dos diferentes períodos está devidamente organizada cronologicamente, sugerindo pistas de interpretação e reflexão aos leitores — no fundo, levantando o véu sobre o que une e o que separa a escrita e o desenho.
A exposição é comissariada por Jean-Jacques Lebel, artista plástico e escritor. Para complementar a exposição, o catálogo de “Desenhos de Escritores” (“L’un pour l’autre”, Editions Buchet-Chastel) propõe um percurso pela produção gráfica dos grandes nomes da literatura, um passeio por mais de duas centenas de desenhos inéditos, reproduzidos em grande formato."
Alguém alinha? Parece interessante!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

A quem possa interessar

Ele há coisas do diabo...

Andava eu na minha ronda cibernética habitual a ver o que se passa no mundo e além de ficar a saber que uns turistas espanhóis pagaram 3.870 euros de taxi na Noruega (o taxista é que deve ter gostado da ideia) e que a Ellen DeGeneres se casou na Califórnia com a namorada Portia de Rossi, fiquei também a saber que numa cidadezinha australiana andam "à caça" de mulheres feias, ora, se o ego estiver pelas ruas da amargura e o espelho parecer o nosso inimigo é sempre bom saber que vamos ser bem recebidas nalgum lugar... lol!
Aqui fica o artigo (está em espanhol porque retirei da página yahoo.es):
SIDNEY (AFP) -
El alcalde de una remota ciudad minera de Australia hizo un llamamiento a las mujeres feas para que se trasladen a su localidad, asegurándoles que allí encontrarán marido por la falta de féminas existente.
John Moloney, alcalde de Mount Isa, en el noroeste del estado de Queensland, declaró a un diario local que su ciudad es un lugar para "que patitos feos se conviertan en bonitos cisnes" e hizo un llamamiento a las mujeres "desfavorecidas en materia de belleza" para que se trasladen allí.
Ante la polémica provocada por sus palabras, Moloney explicó que no tuvo intención de ofender a nadie y que sólo quiso denunciar la falta de equilibro entre varones y hembras en su ciudad, que tiene 25.000 habitantes.
"Sí, dije desfavorecidas en materia de belleza", dijo a la radio nacional. "La belleza puede ser una buena dentadura, un bonito cabello ondulado, tener ojos azules u ojos verdes", explicó.
El concejal de Mount Isa Gary Asmus, sin embargo, precisó que pese a la falta de mujeres en la ciudad, el comentario de Moloney era un insulto a todos los hombres de la localidad.
El alcalde "nos devolvió a los tiempos de la oscuridad y convirtió a los chicos de esta ciudad en seres sexualmente hambrientos capaces de tirarse sobre la primera mujer que vean pasar", dijo.
Anne Morris, que ha vivido en Mount Isa durante 50 años, afirmó a la radio no haberse cruzado con nadie por la calle que pudiese llamar realmente feo.
"La gente que vino a esta ciudad lo hizo para trabajar, tener una casa y una familia, pero este tipo de comentarios...", se lamentó Morris.
El responsable del popular pub irlandés de la ciudad, Bernard Gillick, puso una nota de tranquilidad al subrayar que "todo aquel que se traslade a Mount Isa, feo o guapo, tiene una gran oportunidad de construirse una gran vida". "Es una ciudad fantástica", sentenció."
Ele há coisas do diabo...

Se não perceberem alguma coisa é só perguntar ;)

Bjinhos,

Filipa Gonçalves

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Pessoa Policial

A inércia e a falta de estímulos mentais levou-me a querer explorar as prateleiras virtuais da Webboom em busca de algum título que me cativasse, o resultado da busca era evidente: Fernando Pessoa.

Publicou-se, aquando da comemoração dos 120 anos do nascimento do poeta português no dia 13 de Junho deste ano, a obra Quaresma, decifrador, um compêndio de 13 novelas policiárias, todas inacabadas, da autoria de Pessoa.


Acostumada a um Pessoa-poeta, esta resultou ser uma vertente igualmente embriagante e não muito explorada pelos mestres pessoanos, na realidade desconhecia a existência de tantas novelas, ainda que por terminar, de um dos meus autores preferidos. Desconhecia também a paixão assumida de Pessoa pelo estilo "Um dos poucos divertimentos intelectuais que ainda restam ao que ainda resta de intelectual na humanidade é a leitura de romances policiais. Entre o número áureo e reduzido das horas felizes que a Vida deixa que eu passe, conto por do melhor ano aquelas em que a leitura de Conan Doyle ou de Arthur Morrison me pega na consciência ao colo. [...] Talvez seja para os senhores como que causa de pasmo, não o eu ter estes por meus autores predilectos e de quarto de cama, mas o eu confessar que assim os tenho."

Até agora tem sido refrescante saborear um Pessoa desconhecido para mim!
A quem gostar aconselho!
Filipa Gonçalves

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Qualquer dia faço isto na UMinho =)



Os senhores do http://improveverywhere.com/ fizeram este e, pelos vistos, os da Law & Order gostaram da ideia e copiaram-na num episódio...
De qualquer das formas a ideia foi original!

Filipa Gonçalves

terça-feira, 17 de junho de 2008

Ai de quem me tirar o café!

O elixir do meu equilíbrio, o que me mantém desperta quando o João Pestana faz uma investida incontornável, a infusão que me leva a casa quando estou longe, o meu café!

Pelos vistos a ingestão de café a longo prazo parece não aumentar o risco de morte e reduz a probabilidade de doenças cardíacas, especialmente nas mulheres. É sempre bom saber!

Quando fui a Biarritz com a Elodie fomos ao museu do chocolate (ai, ai, só de pensar naquele cheirinho...) e vimo-lo em todas as fases, devo confessar que o aspecto original não inspira muita confiança, mas o resultado final confia bastante inspiração. Daí surgiu também a curiosidade pelo café que tomo todos os dias.


Ora bem, a história do café? É simples:




Agora que já sabemos como se descobriu o café vamos descobrir que propriedades tem:

-vitamina B

- Aminoácidos

- Lípidos

- Açúcares

- Cafeína

- Potássio

- Cálcio

e onde é consumido em maiores quantidades:

Alemanha, França e Itália são os países que mais importam café da CE, Portugal está no 14º lugar da tabela com 771 milhares de sacos de 60 Kg. (info relativa a 2004)

e por fim O MELHOR CAFÉ DO MUNDO:

É Kopi Luwak e que é feito com grãos de café que escaparam ao sistema digestivo de um pequeno primata das ilhas de Sumatra! Recolhem-se depois das fezes do “Luwak” cada grão de café, lavam-nos cuidadosamente e produzem assim aquele que os especialistas consideram o melhor café do mundo. Os grãos sofrem uma pequena fermentação natural no estômago dos “Luwak”, o que lhes confere um sabor levemente achocolatado.
Embora altamente valioso, não é possível produzir mais do 100 Kg de “Kopi Luwak” por mês.

Depois deste "detalhe" da minha parte, aqui fica uma receita fresquinha e que tem pinta de ser boa:

REFRESCO DE CAFÉ

Ingredientes: 1 lata de leite condensado; 1 colher de café; Gelo picadinho

Modo de preparação: Colocar no liquidificador o leite condensado com a mesma medida de água e o café. Bater bem, distribuir os gelos em copos altos (long drink) e despejar a mistura de café, sirva a seguir.

Filipa Gonçalves, a cafeeira

segunda-feira, 16 de junho de 2008

"There's a way to be good again"


Khaled Hosseini foi a mão que escreveu o livro O Menino de Cabul (The Kite Runner), já adaptado ao grande ecrã. Este livro narra a história de dois amigos no Afganistão e como um segredo e uma guerra os afasta. A narração tem lugar antes e durante a invasão das tropas russas ao território afgão e aproxima-nos um pouco de uma realidade tão distante da nossa. Na minha opinião, e para não fugir à regra, o livro é mil vezes melhor que o filme, perdem-se muitas descrições, muitos momentos que acabamos por não entender na sua plenitude e que são essenciais no conjunto.


Sem dúvida, a não perder!



O filme vai estar no Braga Shopping esta semana: http://www.braga.com.pt/eve_det.asp?eveid=9266



"Um dia, no Verão passado, o meu amigo Rahim Khan telefonou-me do Paquistão a pedir-me que fosse visitá-lo. De pé na cozinha, com o auscultador encostado ao ouvido, percebi que não era só Rahim Khan que estava do outro lado da linha. Era todo o meu passado, os meus pecados por expiar. Depois de desligar, fui dar um passeio ao lago Spreckels, no extremo norte do Golden Gate Park. O sol do princípio da tarde reflectia-se na água onde dezenas de barcos em miniatura deslizavam ao sabor da brisa leve. Depois olhei para cima e vi dois papagaios de papel vermelhos, com longas caudas azuis, subir no céu. Flutuavam muito acima das árvores, no lado ocidental do parque, mais altos do que os moinhos de vento, ondulando lado a lado como dois olhos debruçados sobre São Francisco, a cidade que é hoje a minha. E de repente a voz de Hassan murmurou na minha cabeça: «Por ti, tudo.» Hassan, que lançava papagaios de papel e tinha lábio leporino."
Filipa Gonçalves

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Eu e a minha boca...

E tudo começou ontem... pus o despertador para as 3h da manhã, hora portuguesa, li umas páginas de "Ensaio sobre a cegueira" de Saramago virei o rabo para a lua e adormeci.

Acordei com a música I only ask of God dos Outlandish que significa que um novo dia começa e adiei esse momento, tinha outro despertador para 5min depois. Passados os 5min de ronha lá abri os olhos, escuro, levantei-me, calcei os chinelos e tentei não fazer muito barulho para não acordar o Javi. Arrastei-me até ao espelho da casa-de-banho, ideia infeliz, olheiras até ao umbigo e um cabelo desgrenhado foi a imagem que vi no espelho. Tem de ser! Cozinha: pequeno almoço, quarto: enfiar calças de ganga, top e camisa, casa-de-banho: lavar os dentes, domar o cabelo rebelde por ter adormecido com ele húmido, hall de entrada: último olhar para ver se não faltava nada e lá fui eu. Tinha ligado para um táxi porque não há metro às 4h da manhã, 5h lá. Era o 664. Pedi que esperasse para deitar o lixo fora, entrei e lá consegui dizer "Al Termibus, por favor". Bilbau sem carros é estranho, estou habituada ao reboliço da cidade, em que para andar 20m demoramos 10min e comuniquei este meu pensamento ao taxista, A esta hora não costuma haver trânsito, mas daqui a meia hora já volta tudo ao normal, respondeu, Claro, pensei.

Cerca de 3Km = módica quantia de 6,65€ (au! Até dói!), ainda bem que depois o autocarro até ao aeroporto só custa 1,25€.

Às cinco menos vinte já estava a ver a minha vida a andar para trás, Ai que nunca mais chego! Lá cheguei, mais do que a horas, ainda tive tempo de me sentar a ler o meu livrinho e... (agora entra o título) ouvir umas vozes a meu lado a falar português, Bom dia, são portugueses? A minha inocência era clara, foi aquele sentimento de "familiar" ao ouvir a minha língua, que raramente falo. Sim, somos. E pronto, palavra puxa palavra e não tarda nada estávamos a falar do que nos tinha levado a Bilbau, no meu caso o estágio, no caso deles uma conferência. Ai sim? Sobre quê? Maharaji! Fiz o gesto infantil de levantar o polegar como quem diz Mas que raio é isso?, e o senhor, era um casal, perguntou-me qual era a coisa mais importante para mim (perguntas que deviam ser proibidas, pelo menos àquelas horas da manhã), sem saber muito bem o que responder lá disse que o meu sucesso profissional, E como é que o alcança? Trabalhando para isso, respondi. E sem vida conseguiria atingi-lo? Ora bem, pensei, é óbvio que não, mas se não vivesse também não quereria sucesso de tipo algum. Tem razão, respondi. O senhor lá continuou com o seu discurso pró-vida e deu-me um papelzinho com o seguinte:



"Dentro de ti, existe o sentimento mais
espantoso que alguma vez possas imaginar.

Tudo aquilo que procuras, que procuraste toda
a tua vida, esteve sempre dentro de ti.

Quando souberes olhar para dentro,
encontrarás a alegria que sempre desejaste.

É uma dádiva que tens e eu posso mostrar-te uma
maneira de te ligares a ela."

E expliquem-me lá, como é que uma pessoa reage a isto, ein? Ainda por cima eu, que não sou nada dada a espiritualidades. Respeito quem acredita, porque todos temos de acreditar nalguma coisa, mas que não me venham com tretas.

Lá balbuciei qualquer coisa parecida com Às vezes tornamo-nos tão materialistas que nem nos apercebemos disto (seja lá o que "isto" for), e disse que já estavam a entrar pessoas. O senhor respondeu que sim, era verdade, e disse que aquele momento ia marcar a minha vida, que um dia, quando estivesse mais em baixo, me ia lembrar do casal no aeroporto de Bilbau, que me deu um papelinho que nem sequer prestei muita atenção mas que mudou a minha vida. Ora, aqueles que me conhecem sabem da inexistência da minha memória, e estive para lhe dizer Oh senhor, se soubesse a memória de peixe que tenho não dizia essas coisas, mas achei por bem manter, desta vez, a boca calada, era melhor não tentar o destino...

Fim de semana em Portugal, ai que bem sabe!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Duas décadas depois

Por fim volto a falar barato, depois de uma temporada com trabalho até ao pescoço vim postar o que andei a fazer estes dias.
No fim-de-semana passado estive com a MJo e os amigos dela de Erasmus em Donosti – San Sebastián. Andámos a passear pela cidade (tivemos sorte, só choveu quando estávamos quase a vir embora) e o ambiente familiar em casa da Itziar fez-me aperceber o quanto me faz falta a casa de Portugal, principalmente o 124.
Este fim-de-semana fiquei em Bilbao no Sábado, andei pela cidade a tirar fotos para um concurso de fotografia (por falar nisso, preciso da vossa ajuda!) e voltei a casa super cansada. No Domingo, vesti a parte de cima do biquini e, com esperança que tivesse tempo para me sentar na praia a ler Doris Lessing, peguei no MM e fui com a Catarina até Bakio, Bermeo, Gernika, Mundaka e mais os sítios onde me perdi mas não sei o nome. A paisagem continua lindíssima como sempre, o tempo é que não ajudou muito, estava um bocadinho nublado, mas uma temperatura amena. O biquini fica para a próxima.
Ah, é verdade, aconteceu uma coisa estranha, pelo caminho dois carros e uma mota disseram-me adeus. No início pensava que tinha as luzes ligadas, sim, porque aqui mal te vêem com as luzes ligadas de dia começam logo a girar o pulso num gesto de rodar de chave para as desligares, mas depois vi que não. Ou seja, das duas uma, ou é por ser mulher (sexismos à parte, mas todos sabemos que às vezes os homens têm uma estranha forma de estabelecer comunicação, o último que tentou estava no carro, no meio da estrada, a fazer fila e a gritar “tira-me um foto! Olha, tira-me uma foto!”) ou então sabem que sou filha do Carlos do Cantinho, suspeito que deve ser a segunda hipótese.
O que vos queria pedir é o seguinte: já tinha dito que andei a tirar fotos para mandar para o concurso, no qual se pretende uma visão nova de Bilbao, expressa em atitudes, pontos de vista diferentes, etc. Agora, que fotografia mando para concurso? (votação em http://cantinhorecondito.blogspot.com/)

Bjinhos,
Filipa Gonçalves

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Um tal de 'orçamento'

Primeiro de tudo gostaria de agradecer aos "amigos" que votaram que ia levar porrada q.b. no Karaté (53% dos votos), com amigos assim quem é que precisa de inimigos, certo? Seguidamente gostaria de agradecer à minha pessoa (eu votei nesta) e às outras duas que votaram na opção "vou partir aquilo tudo" (23% dos votos), o vosso voto deu um novo sentido à minha vida, obrigada por acreditarem em mim!!! (é tipo cerimónia de entrega dos Oscares)
Por último, queria saber os nomes das pessoas que votaram "Vou sair de maca" (23% dos votos), acho que vou pôr em prática alguns 'truques' (=P).

Agora "vamos al grano", devido a certas limitações orçamentais não será possível dar início à actividade "Karaté Kyokushinkai" este mês. As despesas são muitas e o valor pecuniário do meu trabalho pelos vistos não atinge valores tão exorbitantes que me permitam tais luxos.

É com muito pesar que anuncio a minha retirada, antes da entrada, do Karaté.

Caso se verifique alguma alteração publicá-la-ei neste espaço.

Obrigada pela atenção dispendida.



Agur,

Filipa Gonçalves

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Eu e a Catarina



Este fim-de-semana tomei uma decisão muito importante: não passar a ferro e ir passear com a Catarina (já estou a ver a semana que me espera à custa do passeio…). Não tinha intenção de passear no Sábado porque queria fazer a tatuagem, mas como não havia disponibilidade tive de marcar para 4ª feira e lá fui eu no MM.
A Catarina é a única pessoa aqui em Bilbao que fala para mim em português, mas às vezes é um bocadinho repetitiva... No outro dia cheguei mesmo a insultá-la! Já não chegava estar super nervosa por ser o primeiro dia em que ia dar aulas na nova empresa, e ainda por cima a Catarina manda-me para o meio de uma aldeia onde não faziam a mínima ideia onde era a empresa e cheguei 15min atrasada… Custou-me a voltar a confiar nela, mas decidi tentar este fim-de-semana e fomos as duas até à praia.

Sábado, 14h30, temperatura amena de 20º ao sol e um frio de rachar à sombra.
Plano: ir até à praia tirar umas fotos e relaxar um bocadinho.
Destino: numa 1ª fase Gernika, depois Ladia e Laga.

Depois de um fim-de-semana fechada em casa, um dia com dor de cabeça e outro porque estava um mau tempo impressionante, desta vez decidi explorar o País Basco. Primeiro fui a Gernika, uma vila pequena com parques e monumentos e uma escola pública de 1927, um edifício enorme e espantoso. Tomei um café digno de molhar bolachinhas de tão grande que era e programei o GPS para me levar até à praia mais próxima, Ladia. Lá fui eu e a Catarina, que a esta hora já devem ter percebido que é a voz do GPS, acompanhadas de uma paisagem lindíssima: à direita montes e campos verdes com casarões enormes e ovelhas a pastar, à esquerda o Cantábrico, o sol a reflectir na água e os barquinhos a navegar calmamente. Depois de um passeio pela areia, umas quantas fotos e uns quantos minutos a desfrutar da paisagem estava pronta para a próxima investida: Laga. Laga é uma praia pequenina flanqueada por um rochedo enorme à direita e um pequeno bosque à esquerda. Troquei de objectiva e iraiwent!
Tudo nesta zona parece rural, até a bomba de gasolina da Shell tinha a estrutura em madeira e o telhado típico.
No regresso a casa vi um sinal que indicava "Bosque pintado" e "Cuevas de Sa… qualquer coisa", o objectivo era ir ao bosque, mas como já me conhecem acabei por me perder e fui parar às grutas. Depois desta aventura lá fui para casa com a sensação de não ter tirado suficientes fotos e não poder descrever o que vi por mais que tente, mas fica a tentativa. Vejam algumas fotos no cantinhorecondito.blogspot.com (vou postar mais daqui a pco, agora tenho aula).

Agur

terça-feira, 1 de abril de 2008

À noite

À noite, pela calada, é quando tudo acontece.
Adentras-te em mim, respiro-te
e deixo-me levar no teu ritmo de diapasão efurecido.
Passeio por ti, quero conhecer cada poro teu.
Pego na máquina fotográfica e roubo-te a alma...
vezes e vezes sem conta.
Não me quero esquecer de ti quando te deixar pela manhã,
mas muito que não encontro em ti me faz falta,
e tarde ou cedo acontecerá.
No entanto, é à noite, pela calada,
quando me apaixono por ti, Bilbao.

Bilbao 30/03/2008
Filipa Gonçalves

segunda-feira, 24 de março de 2008

Been there, done that

Estas férias souberam a pouco! Já é o último dia antes de voltar à rotina normal na KOMA e parece que chegou ainda ontem a Elodie, que fomos ontem ao Guggenheim (desta visita surgiu uma nova visão de arte, especialmente no que toca à análise de certas obras de certos autores - grandes teorias foram concebidas naquele museu!); a Biarritz àquelas praias fantásticas com aquele solzinho a bater-nos na cara e no cabelo “rebelde” da Elodie, àquele museu do chocolate onde bebemos um dos melhores chocolates quentes que provei até hoje, onde comprei chocolate com pimenta e onde vimos por primeira vez o cacau em estado natural (é um pouco nojento, mas o resultado vale bem a pena – Belinha e Lola, vocês iam adorar o museu!); a San Sebastian, não com tão bom tempo mas um sitio novo de qualquer das formas; parece que fomos ontem a Plentzia tomar café porque não se podia fazer mais nada devido à chuva; parece que foi ontem que chegou a minha família e estivemos a passear por Bilbao debaixo duma chuvinha irritante que por vezes se transformava em granizo e com ele um frio cortante, mas ontem a Elodie já se foi embora, e hoje também a minha família voltou a Portugal… e eu, por cá fico mais uns tempos.
Em suma, férias 5* que deixam bastante saudade!
1ª foto: eu e a Elodie a fazer cenas em San Sebastian
2ª foto: Praia da Concha enquanto se via, depois desapareceu com a subida da maré.
3ª foto: Praia de Biarritz, com aquele solzinho de que já falei, hmmm....
Agur,
Filipa Gonçalves

terça-feira, 18 de março de 2008

Karate Kyokushinkai


Decidi que tenho de praticar um desporto qualquer e, tendo em conta que até hoje sempre pratiquei desportos de equipa, achei por bem fazer algo individual. Pensei em fazer Ioga, mas não podia bater em ninguém, descartei, depois pensei em Kung Fu, a minha tia é cinturão negro 3º Dan e podia dar-se o caso de eu também ter jeitinho para a coisa, não há perto de casa, logo, decidi ver o que havia e contentar-me com a oferta, eis o resultado:
O Karaté Kyokushin foi criado pelo Maestro Oyama em 1953 e baseia-se em técnicas de Karaté, Full contact e Kick boxing. Os esforços de Masutatsu Oyama por tornar esta arte marcial popular em todo o mundo foram recompensados, já que actualmente há mais de 12 milhões de praticantes em todo o mundo.
O Kyokushinkai ( Escola da Verdade Última ) é conhecido como uma arte original, rude e forte. Destaca-se a reputação dos seus combates e o rigor dos seus treinos, nos quais se procura atingir a máxima eficiencia. Ao contrário de outros tipos de Karaté, o Kyokushin dá ênfase ao contacto, pelo que se usam protecções.
Que me dizem? Nas fotos que vi os atletas tinham cara de maus, acho que vai correr bem... =)
Quando for conto o enxerto de porrada que levei ;) Prognósticos ali ao lado (esq.)...

Agur,

Filipa Gonçalves

segunda-feira, 17 de março de 2008

Casar ou não casar, eis a questão.

Ora bem, como decerto terão reparado, foi feita uma super sondagem neste blog para saber qual a opinião dos portugueses relativamente ao casamento. As hipoteses elegíveis face à pergunta "Fazes tenções de casar?" eram as seguintes: Sim, obviamente! (33% de respostas); Se não houver outra hipotese (8% de respostas); No, thank you! (25% de respostas); Só se for para me legalizar num país estrangeiro (33% de respostas);
Depreende-se então desta sondagem que o que o povo quer é não casar, logicamente estamos a falar de pessoas mentalmente sãs. Relativamente aos 33% que responderam um rotundo "Sim, obviamente", deduzo que não sabem inglês... Para a próxima ponho "Não, obrigado/a." em vez de "No, thank you". Àquelas pessoas que responderam "sim, obviamente" as minhas sinceras desculpas!

Agur,
Filipa Gonçalves

domingo, 9 de março de 2008

Ontem


Hoje vi o mar. Descobri que me faz lembrar Portugal, não sei porquê. Ou se calhar até sei. Meti-me no Metro e fui até Portugalete (será coincidência o nome?), no caminho até ao rio comprei um bolo típico de cá e que é mais ou menos como o nosso "pão-de-leite" (acho que não vou precisar de carro para voltar para Portugal, vou a rebolar!), e lá fui eu. Chegada ao rio respirei fundo, aquelas coisas que contadas em sítios como este parecem estúpidas, mas que no momento fazem todo o sentido e até te devolvem um pouco do que achas que perdeste, ou isso quero crer. Caminhei um pouco à beira-rio sempre a torcer para que não começasse a chover, não levei guarda-chuva e tinha a mochila da máquina fotográfica às costas, ouvi as conversas alheias na esperança de ouvir qualquer coisa em português, em vão, vi uma ponte suspensa com um elevador horizontal (fui eu que inventei o nome para o objecto x – na foto), a travessia era bastante barata, 0,3€, mas não me apeteceu ir, além disso, sabia que para voltar até à entrada do metro ia ter de subir uma encosta enorme e não me apetecia cansar, vi fachadas lindíssimas e não me apeteceu tirar fotos, vi só com os olhos, fui até uma praça, gente com os seus cães mais vestidos que muita gente, acho que isso também deve ser parte da cultura, porque toda a gente tem cão, e alguns vêm disfarçados. Depois continuei pelo rio até ao mar. Nesta zona está o porto de Bilbao, ou seja, no meio de tanto barco maior que a minha casa, lá vislumbrei o mar e voltei. Apanhei o comboio e continuei a ler O processo, vou na página 99.

Agur (adeus em Euskera, estou a entrar no espirito)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Actos premeditados

Comprei 5 livros, um exagero, eu sei, mas é mais forte que eu. Não consegui resistir, mas tentei… Hem, hem, quer dizer… mais ou menos. Ontem entrei em casa a pensar que há muito tempo que não ia a uma livraria e que tinha visto a fnac na Gran Via, hoje decidi e fui. Mas não fui a essa, fui a Casco Viejo, a parte mais antiga de Bilbao, perto do rio.
O primeiro a ser resgatado das prateleiras da Elkar foi O processo, de Kafka, por razões óbvias, uma obra de referência da literatura e ainda não o tinha lido; a segunda escolha recaiu sobre El cérebro femenino, porque admito que às vezes tenho uma certa dificuldade em me entender e a contracapa era apelativa; o terceiro e quarto, já mais pedagógicos, foram um livrito com frases e expressões básicas em Euskera e uma gramática, também básica, de Euskera; e o último, mas não menos importante, foi o meu O Principezinho em Euskera, mais um para a colecção, já que até agora tenho: em Português, Inglês, Francês, Espanhol, Polaco, Catalão e Euskera. Cada vez que vou a um sítio de língua diferente compro O Principezinho, ou então quem sabe desta minha panca traz-mo, o requisito é que tem de ser comprado no outro país.

terça-feira, 4 de março de 2008

ongi etorri guztiok!

Dia 1

Cá estou eu finalmente, acabadinha de chegar a Bilbau, ainda sem dar notícias a ninguém. O voo MAD-BIO atrasou-se 45min, mas fizemos o percurso em 32min em vez de 55min (ouvi o piloto a dizer a alguém, por mim só reparei que não tive muito tempo para dormir). Apanhei o autocarro para a Praça Moyua (1,25€) e depois carreguei os 26Kg de mala + a mochila até ao Metro que apanhei até casa (1,30€). Cheguei a uma casa vazia, à semelhança do meu coração, e pousei as malas à entrada porque não sabia onde era o interruptor da luz e estava escuro como breu. Fez-se luz! Vi por segunda vez o que seria a minha casa (possivelmente, no caso de não ir para Mondragón), fui até ao meu quarto, larguei as malas e atirei-me para cima da cama. Virei-me de barriga para cima e olhei à minha volta. Tudo tão vazio, tão despido! Lembrei-me que tinha fome e não tinha nada para comer, mas estava tão cansada que decidi dormir meia horinha e ir depois às compras. Uma hora depois estava eu a sair de casa decidida a fazer compras. Fui à minha segunda casa de Granada, o Eroski, e comprei os bens essenciais. Resultado final: 51,41€ e demasiado peso para o meu cansaço. De volta a casa: onde raio enfio eu as minhas coisas? Lá descobri espaços vazios onde pôr as compras e lanchei finalmente. Barulho de chaves na porta, alguém a falar ao telemóvel, expectativa: como será, será simpática, o que é que lhe digo “olá, sou a Filipa e vou morar contigo nos próximos 3 meses”? Ela vê-me, aceno-lhe, ela acena de volta e continua a falar ao telemóvel, vai para o quarto, eu vou para o meu. Sai finalmente e apresenta-se, Cristina (loirita, vinte e pico anos), se preciso que me explique alguma coisa na cozinha e assim, digo que sim, que como fazem com as coisas em comum, responde que cada um por si, outra coisa não seria de esperar… diz que vai fazer a mala e que vai para casa que fica a 30Km, penso que a minha só está a mais uns 670Km e digo que eu fico por cá, sorri. Faz a mala e sai, bom fim-de-semana. Visto o meu espacinho com os meus dicionários e as minhas coisas, vou para a sala. Novo barulho de chaves na porta, nova expectativa, entra um “jovem” de trinta e tal/quarenta, brincos nas orelhas, tatuagens evidentes no braço direito e não sei muito bem onde mais. Olá, sou o Javi (acho que se chama assim, não me lembro muito bem), o Óscar disse que vinha uma rapariga nova. Enfia-se na cozinha, sai pouco depois e pergunta se já tinha estado com “la otra chica”, nunca se tratam pelo nome, e se ela já me tinha explicado as coisas, respondo afirmativamente e ele sai. Minutos depois passa na sala e diz que se vai deitar, que está cansado, boa noite. Fico na sala a ver televisão. Liga-me o Mikel (advogado amigo de uma amiga que, por coincidência, ia estar em Bilbau este fim-de-semana), no dia seguinte ia ter com uns amigos e passear, se queria ir. Não tinha melhores planos, por isso aceitei, além disso, um ambiente mais familiar fazia-me falta, amanhã ligo-te para dizer onde nos encontramos, vale. Pouco depois liga a Lola, se correu tudo bem, se já conheci os que moram comigo, uma voz familiar que me vai fazer bastante falta… Nova chamada, de casa, a minha Twix, que não falha nunca, uma hora ao telefone, novidades e outros disparates, voz familiar que também me vai fazer muita falta. Mais uns minutos de televisão e vou para a cama. Para quem está habituada a dormir num quarto voltado para a Rua Nova de Santa Cruz, um silêncio absoluto parece o barulho de uma tempestade, lá adormeço algum tempo depois.

Dia 2

Acordo às 11 horas a pensar se não terei sido atropelada por algum autocarro. Levanto-me e tomo um duche, vejo que tenho uma chamada do Mikel, ligo, daqui a quanto tempo é que consegues estar aqui? 20 minutos. Visto-me, engulo qualquer coisa, lavo os dentes, merda! esqueci-me do pente, penteio-me com os dedos, agradeço no meu íntimo por não ter um cabelo como o da Paulinha e saio de casa. Corro para o metro, chego dois minutos atrasada. Pouco depois liga o Mikel, conhecemo-nos, apresenta-me o Germán e a Esti, gozam com ele porque já tinha perguntado a duas pessoas se eram “a Filipa”, praticamos o desporto nacional: ia a bares, “potear” como se diz por aqui. Perguntaram o que ia fazer, lá expliquei, já com a agravante de ir ou não para Mondragón. Algumas soluções já de si com problemas: 140Km por dia é muito, perder os 300€ que já dei, não ter outra hipótese senão ir. Pegamos no carro e vamos até onde moram eles: Ermua. não há nada para ver, avisam desde o inicio. Passamos por montanhas e vales verdes com casas isoladas, mesmo à filme, arrependo-me no mínimo 3 vezes por minuto de não ter levado a máquina fotográfica. Chegamos. Mais um pouco de desporto nacional e abancamos num sitio para almoçar. Conheço o irmão e os amigos do Mikel, tudo boa gente, mas já não sei o nome de quase nenhum, neste momento estão todos à espera que lhes diga para onde vou afinal. São quatro da tarde, mais ou menos. Vamos até à costa vasca… lindo! Mais uma dose de sério arrependimento por não ter máquina fotográfica. Andamos mais um pouco, mais uma paisagem de tirar o fôlego, mais arrependimento. Três rapazinhos a pescar, não tinham mais de 10 anos, acabavam de tirar da água um “serrano” de cerca de 20cm, detivemo-nos a aprender “a arte”. Mais uma caminhada, mais um pouco de desporto nacional. Sete e meia da tarde, temos de voltar, o Mikel tem um jantar de advogados. No caminho lá me convence a ir com ele, ofereci uma certa resistência, não achava que me fosse sentir bem rodeada de advogados espanhóis e não queria que se metesse em problemas por minha causa, mas correu tudo bem. Os advogados eram, no mínimo, loucos. A certa altura estava um dos da nossa mesa a gritar “Viva os noivos!” e nós a responder em coro “VIVA”. Voltei a casa à uma e tal, derrotada pelo cansaço. Falei um pouco com o João e caí redonda na cama.

Dia 3

Localização geográfica: Bilbau
Primeiro pensamento do dia: Merda, já são 2h da tarde!!
Estado de espírito: calma
Pequeno-almoço: Pão com fiambre e um Actimel de morango
Segundo pensamento do dia: Que raio vou eu fazer num Domingo à tarde em Espanha? (fecha quase tudo)
Decisão tomada: escrever este post, vestir-me e sair com a minha namoradinha para congelarmos momentos… iraigou!