domingo, 13 de setembro de 2009

Bolonha no País das Maravilhas

É certo e sabido que a educação percorre caminhos tortuosos e que Bolonha não vem, em caso algum, animar o cenário desolador dos recém-licenciados que saem para o mercado de trabalho sem preparação suficiente para trabalhar na sua "área de especialização ". Bolonha vem, quanto muito, uniformizar o ensino que antes nos dava mais escolhas. Também tenho a perfeita noção que aos olhos do mercado uma licenciatura em LEA ou LLM ou Tradução era bem capaz de ser a mesma coisa, visto que ainda vejo frequentemente anúncios dignos do "Portugal no seu melhor":

Admite-se tradutor/a
escolaridade mínima 12ºano
com conhecimentos de:
Inglês - muito bom;
Francês - muito bom;
Alemão - muito bom;
e Espanhol - muito bom.
Remuneração 500€

É óbvio que pelo menos 5 em cada 10 estudantes do 12º ano saem com essa formação, imagine-se um recém-licenciado! Se eu tivesse essa formação, 500€ era precisamente o que eu quereria receber, como adivinharam? Aquele número redondinho e que possivelmente não me dará nem para pagar as propinas de mestrado mais as contas de casa... Por favor!!! Um pouco de decência era bem-vinda à equação.
Mas retornemos a Bolonha. Este post vem na sequência de uma notícia que li em http://clix.expresso.pt/processo-de-bolonha-formacao-diversificada-cria-mais-oportunidades-de-emprego-vice-reitora-up=f535419 relativamente ao facto de Bolonha criar mais oportunidades de trabalho e de os estudantes saírem mais cedo para o mercado de trabalho. Ora bem, neste caso específico eu diria o que a minha avó muito sabiamente dizia, e peço desde já desculpa a quem puder ofender, "se não vem Deus que nos acode, vem o diabo que nos fode".

"A vice-reitora da UP diz que "a possibilidade de obter uma graduação mais cedo, que permite aos estudantes sair para o mercado de trabalho com uma qualificação superior à que tinham anteriormente" é uma das principais mudanças com Bolonha."

Desculpe Exmª. Sra. vice-reitora, como? Quando? Onde? Estamos claramente a comparar licenciaturas com menos um ou dois anos de formação, sem estágio num mercado de trabalho que acima de tudo nos pede experiência, e a dizer que prepara os estudantes com uma qualificação superior? Muito bem, assim seja...


Filipa Gonçalves
LEA (Plano Antigo)

1 comentário:

Sara Daniela Dias disse...

epah!!
gostava de saber onde é que uma escola secundária nos dá a oportunidade de ser muito bom a essas línguas todas.
se existe não sei o que é que nós andamos a fazer estes quatro anos...

no caso do alemão, a não ser que sejamos bilíngues (e mesmo assim, há alguns casos no nosso curso que enfim...) com três anos de língua sabes dizer olá, onde moras, chamo-me x, tenho x anos, e pouco mais...

gostava de ir a essa empresa...